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Amazônia é a prova de que as reais soluções vêm dos povos da floresta — é urgente financiá-los de forma direta com recursos climáticos, tema central da COP30

Por Andressa Santa Cruz – Greenpeace | Há milênios, os povos da floresta desenvolvem vários saberes e práticas que conservam e sustentam ecossistemas inteiros. Com o agravamento da crise climática, essas soluções se mostram ainda mais urgentes.

“As soluções para conter a tripla crise global — climática, perda da biodiversidade e excesso de lixo — já existem. São praticadas há gerações pelos povos da floresta, mas falta reconhecimento, valorização e financiamento direto para que sejam implementadas, fortalecendo uma nova opção econômica que contrapõe a economia da destruição que vemos hoje na Amazônia e outras florestas tropicais”, destaca Rômulo Batista, coordenador de Soluções da Floresta do Greenpeace.

As soluções da floresta são diversas práticas tradicionais, inovadoras e sustentáveis conduzidas por povos indígenas e populações tradicionais. Promovem bem-estar e conservação, além de contribuírem para o equilíbrio climático, aliando tecnologias ancestrais com justiça social e geração de renda, principalmente através dos produtos da sociobiodiversidade.

Dona Socorro, coletora de sementes de andiroba e moradora da Comunidade do Roque, no Médio Juruá, no Amazonas, umas das regiões mais conservadas da Amazônia e berço de diversas soluções da floresta

Maria Socorro, coletora de sementes de andiroba e moradora da Comunidade do Roque, no Médio Juruá, no Amazonas, umas das regiões mais conservadas da Amazônia e berço de diversas soluções da floresta | Foto: Nilmar Lage / Reprodução Greenpeace

Soluções reais x falsas soluções

As verdadeiras soluções da floresta são baseadas na natureza e no protagonismo indígena e de povos e comunidades tradicionais. Já as falsas soluções priorizam lucros e os interesses do mercado, promovendo desigualdades, conflitos e, na maioria das vezes, tem pouco ou nenhum valor para proteção ambiental.

✅ Soluções reais:

  • Economia da sociobiodiversidade, agroecologia e agrofloresta
  • Ecoturismo comunitário, coleta sustentável de sementes e manejo tradicional de plantas e animais
  • Processos participativos e valorização de saberes ancestrais
  • Geração de renda com conservação e respeito cultural

❌ Falsas soluções:

  • Bioeconomia sem participação das populações locais e proteção ambiental
  • Monoculturas, garimpo, desmatamento e sobrepesca
  • Projetos que impõem valores externos e que só atendem elites e empresas
  • Créditos de carbono ineficazes, em especial os projetos de compensação, que adiam o desenvolvimento de tecnologias de baixo ou zero carbono e estendem o uso de combustíveis fósseis

🌳Critérios para saber se é uma real solução da floresta

  • Envolve povos indígenas e comunidades locais, respeitando e reconhecendo suas terras, saberes e direitos
  • Conserva a natureza, gera renda e melhora a vida de quem vive nos territórios
  • Ajuda a construir um futuro mais justo, sustentável e diverso

Antonio de Souza, presidente da Codemaj (Cooperativa Mista de Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária do Médio Juruá), ajudando a fazer farinha na Comunidade do Roque (AM), em umas das regiões mais conservadas da Amazônia e berço de diversas soluções da floresta

Antonio de Souza, presidente da Codemaj (Cooperativa Mista de Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária do Médio Juruá), ajudando a fazer farinha na Comunidade do Roque (AM), em umas das regiões mais conservadas da Amazônia e berço de diversas soluções da floresta | Foto: Nilmar Lage / Reprodução Greenpeace

Financiamento climático direto e exclusivo para povos da floresta

Na COP30, em Belém, uma das pautas centrais será orçamento para conter a crise climática. É a chance de direcionar recursos exclusivos e diretos para quem protege a natureza há gerações, principalmente nas três bacias de floresta tropical: na Amazônia (Américas), no Congo (África) e na Papua (Ásia).

“As três grandes florestas tropicais do mundo — Amazônia na América do Sul, Bacia do Congo na África e as Bacias do Mekong, Indonésia e Papua no Sudeste da Ásia —, são como primas distantes, porque vivem problemas e soluções parecidas, apesar da distância. Por isso, a importância de fortalecer nossa aliança global, ecoando nossa luta mais longe”, explica Batista.

Hoje, menos de 1% do orçamento climático global chega às populações indígenas e tradicionais, apesar de serem as principais responsáveis por manter a floresta em pé. Sem apoio financeiro exclusivo, direto e de longo prazo, aumentam os riscos da expansão da economia da destruição como desmatamento, o agronegócio e o garimpo.

Ecivaldo Ferreira, presidente da Asproc, associação mãe do Médio Juruá (AM), uma das regiões mais conservadas da Amazônia. Ele mostra uma placa de borracha, produzida pelos seringueiros associados.

Ecivaldo Ferreira, presidente da Asproc, associação mãe do Médio Juruá (AM), uma das regiões mais conservadas da Amazônia. Ele mostra uma placa de borracha, produzida pelos seringueiros associados | Foto: Nilmar Lage / Reprodução Greenpeace

Amazônia: exemplo vivo de soluções da floresta

Sem a Amazônia, não há futuro para o Brasil nem para o planeta. Ela abriga a maior floresta tropical do mundo, o maior reservatório de água doce da Terra e é um dos principais sumidouros de carbono, fundamentais para o clima global.

Mais da metade da Amazônia brasileira está oficialmente protegida por reservas especiais, como Terras Indígenas, Unidades de Conservação e Territórios Quilombolas. Através da auto-organização e gestão comunitária, são locais que integram proteção ambiental com desenvolvimento social e econômico. No entanto, sofrem com ausência de investimento, invasões e políticas insuficientes.

Mecanismo Floresta Tropical para Sempre (TFFF, do inglês Tropical Forest Forever Facility) é uma proposta do governo brasileiro para financiar a proteção e recuperação de florestas tropicais. O modelo oferece pagamentos por hectare conservado, reforçando que a floresta tem mais valor em pé do que derrubada.
O Greenpeace acredita que o TFFF pode romper com o modelo de conservação baseado em compensações de emissão, porém é necessário a adoção de garantias de governança forte, para que o dinheiro não seja utilizado em atividades que destruam o meio ambiente e violem os direitos humanos. O TFFF deve assegurar total transparência e, principalmente, inclusão das populações indígenas e tradicionais – pelo menos 20% dos recursos devem chegar de forma direta para os povos que vivem e protegem a floresta. O lançamento está previsto para a COP30, em Belém. 

Ainda há tempo para mudar. A Amazônia pode liderar uma economia regenerativa, baseada na sociobiodiversidade e no protagonismo de povos indígenas e populações tradicionais. Apoiar essas soluções é acima de tudo Respeitar a Amazônia e as pessoas que vivem nela.

Assine a petição “Respeitem a Amazônia” e fortaleça as soluções dos povos da floresta

Rômulo Batista, coordenador global de Soluções da Floresta do Greenpeace durante a Expedição Respeitem a Amazônia, no território do Médio Juruá (AM), uma das regiões mais conservadas da Amazônia

Rômulo Batista, coordenador global de Soluções da Floresta do Greenpeace durante a Expedição Respeitem a Amazônia, no território do Médio Juruá (AM), uma das regiões mais conservadas da Amazônia | Foto: Nilmar Lage / Reprodução Greenpeace

Este texto foi originalmente publicado pelo Greenpeace, de acordo com a licença CC BY-SA 4.0. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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